24/05/2022

BOLSONARO PROMETE RESPONDER EM TRÊS DIAS CONVITE PARA REUNIÃO COM JOE BIDEN

Bolsonaro recebe convite de Biden para reunião e promete resposta em três dias

O presidente Jair Bolsonaro recebeu na manhã desta terça-feira no Palácio do Planalto o assessor especial dos Estados Unidos para a Cúpula das Américas, Chris Dodd. O americano reforçou o convite ao chefe do Executivo brasileiro para que participe do encontro, no início de junho, e ainda afirmou que o presidente Joe Biden aceitaria ter uma reunião bilateral com Bolsonaro em data próxima ao evento. O Brasil deve dar uma resposta definitiva em dois a três dias.

A Cúpula das Américas acontecerá dos dias 6 a 10 de junho, em Los Angeles, na Califórnia. Esta será a primeira reunião desde 2018.

Em nota, a embaixada americana em Brasília informou que Dodd veio ao Brasil apenas para reforçar o convite a Bolsonaro. " O presidente Biden me pediu para que viesse ao Brasil hoje com um foco singular na Cúpula. Vim para reforçar nosso apreço de longa data pela parceria profunda e importante que os dois países compartilham – construída sobre um fundamento comum da democracia, direitos humanos, prosperidade econômica, Estado de Direito e segurança", informou.

Após uma conversa de cerca de 45 minutos com Bolsonaro no Palácio do PLanalto, Dodd, ainda por meio de nota, defendeu os temas que serão tratados na cúpula: "A Cúpula das Américas se concentrará em algumas das questões mais importantes e compartilhadas de todo o hemisfério. Como a garantia de que a democracia seja uma realidade para cada país, nossas metas climáticas compartilhadas, uma resposta mais colaborativa à Covid-19 e a abordagem mais profunda do crime organizado e da instabilidade econômica", informou a embaixada.

O chanceler Carlos França já deu sinais de que a ausência de Bolsonaro é o mais provável, devido a duas razões: o esvaziamento de líderes da região no encontro promovido pela Casa Branca e o não aproveitamento de propostas apresentas pelos brasileiros por autoridades americanas.

Os americanos insistem em debater migração e democracia. Os negociadores brasileiros afirmam que concordam, mas defendem a inclusão de outros temas, como a recuperação das economias da região e o aumento da oferta de semicondutores nos países da América Latina. Uma fonte reconheceu que é tarde para mexer na agenda, mas disse que o governo dos EUA admite que poderia ter aceitado as propostas.

Setores do Palácio do Planalto estão preocupados que um encontro entre Bolsonaro e Biden — que até agora nunca se reuniram presencialmente — possa acabar sendo um tiro no pé para o presidente brasileiro, em plena campanha eleitoral e absolutamente concentrado em sua cruzada para se reeleger.

Os questionamentos do governo americano sobre os ataques de Bolsonaro ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), às urnas eletrônicas e ao Supremo Tribunal Federal (STF) são conhecidos, e aliados do presidente brasileiro temem que sua ida a Los Angeles possa acabar virando uma saia justa que atrapalhe a campanha internamente.

Interlocutores da área diplomática do governo trabalham para que a presença de Bolsonaro na cúpula seja possível, mas enfrentam oposição a essa ideia da ala política do governo.

Para essas fontes, seria uma boa oportunidade de virar a página dos desencontros com a administração Biden, iniciados a partir do momento em que Bolsonaro demorou em parabenizar a eleição do chefe de Estado americano e, mais ainda, aderiu às teorias de fraude eleitoral levantadas pelo ex-presidente Donald Trump.

O Globo

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