23/04/2022

A CASA DOS LEÕES - POR DR. RICARDO SOBRAL

* Por Ricardo Sobral.

Fica na esquina da Heráclito Vilar com Semeão Barreto, em frente à Praça da Matriz.

Não cheguei a conhecer seu proprietário-construtor, Clóvis Soares.

Conheci sua viúva, dona Cremilda, morando com os filhos José Araken, Eugênio e Tânia.

Os demais, casados, moravam fora.

Debruçados por sobre o muro, um de frente para o outro, já próximo ao portão de entrada, ficavam os dois leões.

Acredito que feitos em porcelana.

Quando eu era menino, ainda não entrado na casa de dois dígitos, tinha medo dos leões.

Tanto que ao passar por alí, conduzido por algum famíliar ou por "mãe " Chiquinha, tratava de me afastar preventivamente para o outro lado da rua.

Com o tempo, fui observando que os leões não se movimentavam, embora muitos transeuntes passassem bem perto deles.

Fui aos poucos me aproximando até perder completamente o medo das feras ornamentais, que pareciam de verdade.

De início, ousava apenas passar a mão na cabeça dos leões. Depois, ia até a cauda, comprida e felpuda.

Vi pessoas tirando fotos fazendo pose junto aos leões. Viajantes, quando de passagem pela cidade paravam para ver os leões.

Os habitantes viam os leões com familiaridade. Eram partes da paisagem da cidade.

O imóvel era conhecido como a "casa dos leões".

As feras eram cobiçadas.

Um dia, anoiteceram e não amanheceram.

Nunca se teve notícia do paradeiro dos leões.

Hoje, com as redes sociais, penso ser possível os leões aparecerem. Eram singulares.

Tempos bons, em que menino tomava banho no Rio dos Homens, brincava de academia na pracinha, jogava com bola de meia na calçada e tinha medo de leões de porcelana.

Um comentário:

FRANCISCO ROCHA disse...

Também passei por tudo isso nessa terra.