13/10/2021

VIVAS A DEMOCRACIA: OPOSITORES DO GOVERNO CUBANO SÃO PROIBIDOS DE FAZEREM MANIFESTAÇÕES

Três meses após onda de protestos em Cuba, regime proíbe manifestação de opositores

Três meses após uma onda de protestos sem precedentes, Cuba proibiu nesta terça-feira uma marcha da oposição marcada para 15 de novembro por considerar que os organizadores querem promover uma mudança de regime e que alguns deles têm vínculos com Washington, segundo uma nota oficial.

“Os organizadores e seus posicionamentos públicos, assim como os vínculos de alguns com organizações subversivas e agências financiadas pelo governo americano, têm a intenção manifesta de promover uma mudança do sistema político em Cuba”, diz a resposta do governo cubano ao pedido para realizar a marcha.

A manifestação anunciada em Havana, “cujo esquema organizacional é concebido simultaneamente para outros territórios do país, constitui uma provocação e é parte da estratégia de mudança de regime” para Cuba, acrescentaram as autoridades na resposta, que destaca o caráter constitucional e “irrevogável” do sistema socialista cubano.

A mesma nota foi emitida tanto em Havana como nas outras seis províncias da ilha (Holguín, Cienfuegos, Pinar del Río, Las Tunas, Santa Clara e Guantánamo) onde foram feitas solicitações de autorização para uma manifestação “contra a violência” e pela “mudança”.

Em Havana, o dramaturgo Yunior García, líder do grupo Archipiélago e organizador da manifestação na capital cubana, lamentou as acusações de que o movimento seria financiado pelos Estados Unidos.

— Qualquer coisa que os cubanos façam, dizem que alguém em Washington inventou. É como se nós não pensássemos, não tivéssemos cérebro— afirmou. — Qualquer cubano sensato quer mudanças para o bem, quer que em Cuba haja mais democracia, mais progresso, mais liberdade, em todos os sentidos.

Inicialmente, o Archipiélago havia convocado a manifestação para 20 de novembro, mas, na sexta-feira passada, anunciou a antecipação do protesto para o dia 15, depois que o governo decidiu decretar essa mesma data como “Dia Nacional da Defesa”.

— Não podíamos ser irresponsáveis, nós não queremos violência, não queremos que os cubanos se enfrentem e não podíamos lançar os manifestantes para o embate com um Exército nas ruas que poderia reagir de forma violenta — afirmou García.

Por isso, disse, o “mais sensato foi antecipar a marcha” para o dia 15, quando está prevista a reabertura de Cuba para o turismo internacional. Os visitantes poderão andar pelas ruas e os cubanos poderão exercer os seus direitos, acrescentou.

O Globo

Nenhum comentário: