09/05/2021

APÓS PROTESTOS NA COLÔMBIA, CENTENAS DE PESSOAS ESTÃO DESAPARECIDAS

Colômbia tem centenas de desaparecidos após protestos

Centenas de pessoas ainda estão desaparecidas desde que deixaram suas casas para se manifestar nas ruas colombianas contra o governo do presidente Iván Duque, segundo fontes oficiais e observadores independentes das mobilizações, que já completaram 11 dias.

O relatório mais recente da Procuradoria Geral e da Defensoria do Povo registra 548 pessoas sumidas, das quais 189 foram localizadas, enquanto 359 casos permanecem no processo de verificação.

Embora a maioria das pessoas dadas como desaparecidas possa ter sido detida pela polícia durante os dias de protestos, que começaram em 28 de abril, organizações civis e internacionais exigem que as autoridades acelerarem suas buscas, dadas as alegações de abusos que caem sobre as forças de segurança.

A Anistia Internacional advertiu ontem que a polícia colombiana tem usado a força de forma indiscriminada e desproporcional, e são relatados números alarmantes de violência sexual e de pessoas desaparecidas.

– O desaparecimento forçado e a violência sexual colocados em prática pelas autoridades são crimes de direito internacional, que qualquer Estado tem o direito de investigar e processar – advertiu a Anistia.

Organizações de direitos humanos temem que os desaparecidos estejam sendo vítimas de agressões físicas, violência sexual e até mesmo tortura, como denunciaram várias pessoas que foram detidas por longas horas em delegacias de polícia.

– As autoridades colombianas devem investigar todas as acusações de violações de direitos humanos e crimes de direito internacional de forma rápida, imparcial e completa, garantindo os direitos e a segurança das vítimas e testemunhas – afirmou a diretora para as Américas da Anistia Internacional, Erika Guevara Rosas.

Pelo menos 27 pessoas foram mortas durante os protestos, segundo o Ministério Público e a Defensoria do Povo. As duas entidades emitiram um comunicado nesta sexta-feira (7) em que esclareceram que 11 dessas mortes estão diretamente ligadas às marchas, sete estão sob investigação e nove não estão diretamente relacionadas aos protestos.

Entretanto, a ONG Temblores documentou 37 óbitos, 1.708 casos de uso abusivo da força pelos agentes de segurança, pelo menos 26 vítimas de agressão ocular, 234 casos de violência física e 934 detenções arbitrárias contra manifestantes, assim como casos de violência sexual contra 11 pessoas.

O Ministério das Relações Exteriores colombiano respondeu ontem às reivindicações da comunidade internacional e garantiu que o Governo informou em tempo hábil sobre as medidas e investigações que foram iniciadas pelas instituições autônomas para assegurar que os casos de possíveis violações dos direitos humanos ou uso excessivo da força sejam devidamente punidos.

As mobilizações começaram contra a já derrubada reforma fiscal do governo Duque, mas continuam contra uma tentativa de reforma da saúde, a brutalidade policial e a complexa situação de insegurança.

Pleno News

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