04/09/2020

ESTUDO: ANTICORPOS CONTRA CORONAVÍRUS DURAM 4 MESES

Anticorpos contra coronavírus duram no mínimo quatro meses, diz estudo islandês

Um novo estudo da Islândia fornece garantias de que nossos anticorpos contra o coronavírus que causa COVID-19 podem durar pelo menos quatro meses — presumindo que eles sejam realmente produzidos.

O estudo, publicado no New England Journal of Medicine na terça-feira (1º), analisou amostras de sangue coletadas de mais de 30 mil pessoas na Islândia, um pouco menos de 10% da população total do pequeno país nórdico.

Elas incluíram mais de 4 mil pessoas com teste positivo para o novo coronavírus, SARS-CoV-2, ou suspeitas de terem sido expostas a alguém com o vírus. As amostras foram testadas para vários tipos diferentes de anticorpos adaptados especificamente para o vírus.

Ao todo, eles estimam que pouco menos de 1% do país tenha contraído COVID-19 durante a primeira onda do surto, que começou a perder força no final de abril. Eles também estimaram que mais da metade de todos os casos foram detectados por meio de testes anteriores. E o mais importante, eles descobriram que o nível de anticorpos nesses sobreviventes não caiu de maneira perceptível até quatro meses após a infecção inicial.

“Nossos resultados indicam que os anticorpos antivirais contra o SARS-CoV-2 não diminuíram em 4 meses após o diagnóstico”, escreveram os autores.

As descobertas do estudo entram em conflito com algumas estimativas anteriores de quanto tempo os anticorpos podem durar em pessoas que contraem COVID-19. Mas essas estimativas mais pessimistas vêm de estudos com amostras pequenas, enquanto pelo menos um estudo grande, mas preliminar, dá suporte à ideia de que os anticorpos podem durar meses na maioria das pessoas.

Esse estudo analisou amostras de sangue coletadas de quase 20 mil pessoas na cidade de Nova York, onde ocorreu o surto mais letal de COVID-19 relatado até agora, e descobriu que os anticorpos neutralizantes permaneceram estáveis ​​por três meses. É possível — até provável — que os anticorpos possam durar mais de quatro meses, mas não se passou tempo suficiente para os cientistas coletarem e analisarem os dados relevantes para ter certeza.

Por mais reconfortantes que sejam, esses resultados não provam que os sobreviventes estão completamente protegidos contra reinfecção. Tanto neste estudo quanto no estudo de Nova York, cerca de 10% das pessoas com COVID-19 confirmado aparentemente não produziram anticorpos detectáveis ​​para SARS-CoV-2, e são essas pessoas que podem ser mais suscetíveis a uma segunda infecção.

Os poucos relatos confirmados de reinfecção até o momento também não descartaram que ela pode acontecer mesmo em pessoas que têm anticorpos. Dito isso, é muito provável que os anticorpos forneçam algum nível de imunidade ao COVID-19, seja na prevenção por completo ou atenuando a gravidade da reinfecção.

O estudo da Islândia também nos fornece outra estimativa de quão mortal o COVID-19 pode ser em uma população. Ele encontrou uma taxa de mortalidade por infecção (também conhecida pela sigla IFR) de 0,3% na Islândia. Este número leva em consideração todos os casos, incluindo aqueles sem sintomas. Esta IFR é menor do que as estimativas em outros países, mas está dentro da faixa que outros estudos encontraram.

A fatalidade do COVID-19 na população provavelmente depende muito de fatores como a distribuição de idade e saúde média dos residentes de um país e se os surtos locais estão sobrecarregando os hospitais da região ou não. Tratamentos implementados recentemente e futuros, como esteroides, também podem diminuir ainda mais o risco de morte ao longo do tempo.

Na Islândia, o COVID-19, felizmente, nunca ganhou ao mesmo nível de outros países. Até 2 de setembro, havia apenas 10 mortes relatadas relacionadas à doença viral no país, enquanto há apenas cerca de 100 casos ativos atualmente e um pouco mais de 2 mil casos notificados no total.

GIZOMODO-UOL

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