29/07/2020

O 'SOBE E DESCE' VIOLENTO DO RN

Violência na gangorra: no RN, sobe número de homicídios e cai registro de roubo de veículos

A pandemia do novo coronavírus também tem causado efeitos na segurança dos potiguares. Atualmente se mata mais, mas também se rouba menos. Com exclusividade, o Agora RN teve acesso a relatórios que mostram as duas situações. Enquanto os casos de assassinatos registraram um aumento de mais de 10% nos últimos seis meses – atravessando o período de maior ebulição da Covid-19 -, houve uma queda de praticamente 1% nos registros de roubo e/ou furtos de veículos.

Nos casos de CVLIs, como são chamados os crimes violentos letais intencionais (que são a somatória dos casos de homicídio doloso/feminicídio, lesão corporal seguida de morte/latrocínio, e mais as mortes decorrentes de ações policiais), o Estado somou 807 vítimas no período de 1º de janeiro a 30 de junho, totalizando 78 mortes a mais que o registrado no primeiro semestre de 2019, quando 729 pessoas perderam suas vidas (+10,7%). O número de vítimas passou de 10,39 para 11,42 para cada grupo de 100 mil habitantes.

Os dados são da Coordenadoria de Informações Estatísticas e Análise Criminal da Secretaria Estadual da Segurança Pública (Sesed) e farão parte da próxima edição da Obvium, revista de crimeanálise do Observatório da Violência do RN (Obvio).

De acordo com Ivenio Hermes, coordenador de análises criminais do Governo do Estado, existem alguns motivos para o aumento da criminalidade em tempos de pandemia. O primeiro deles está na dinâmica da violência, que tem se diversificado quanto ao modus operandis. “Há uma forte adaptação de grupos criminosos em buscarem outros meios de obtenção de ganho ilícito em épocas de pandemia, como jogos, rinhas, assalto à mão armada, saques e agiotagem”, diz. E também, segundo ele, há um aproveitamento por parte de grupos criminosos da suscetibilidade de recursos humanos das forças de segurança pública, “aproveitando esse momento para acirrar disputas territoriais, se envolver em vinganças contra desafetos e ainda se engajar em confrontos com policiais”.

Ivenio também considerou outros pontos relevantes que, na opinião dele, explicam o crescimento da violência: “Ausência de protagonismo do Governo Federal em prover ajuda para os estados, o que resultaria num alívio da sobrecarga do sistema de saúde e também na diminuição das condutas letais intencionais”, e também a falta de protagonismo do Governo Federal em prover auxílio célere aos menos assistidos, “que é outro fator que instiga as pessoas a irem às ruas em busca do sustento, rompendo com o isolamento justamente nas concentrações urbanas onde tanto o vírus como a criminalidade se propagam”.

“A insustentabilidade da vida e a precariedade da sobrevivência, somado ao maior tempo de confinamento, impactam na violência doméstica e nos suicídios. No primeiro caso, o agressor em potencial está em convívio prolongado com as potenciais vítimas, mantendo dentro de casa toda carga de energia emocional que deveria ser dissipada por um discurso equilibrado e uníssono entre gestores estaduais/municipais e a gestão federal. No segundo caso, há um agravamento das condições geradoras da depressão, das síndromes de pânico, do medo e da incerteza do futuro, aumentando os suicídios”, acrescentou.

Menos veículos roubados

A Delegacia Especializada de Defesa da Propriedade de Veículos e Cargas (Deprov) da Polícia Civil vem registrando números melhores no RN. Neste último semestre, por exemplo, houve uma redução de quase 1% no número de casos de roubos e/ou furtos de veículos (carros e motos).

De acordo com o delegado Joacir Rocha, de 1º de janeiro a 30 de junho, a Deprov registrou 3.478 boletins de veículos roubados e/ou furtados somente na Grande Natal, que é onde se concentra a área de atuação da delegacia – com um total de 34 boletins a menos que os 3.512 casos registrados nos primeiros seis meses do ano passado (-0,96%).

“A diminuição ocorrida nos furtos e roubos de veículos na Grande Natal se deu em virtude da redução de veículos circulando e dos estabelecimentos comerciais fechados, incluindo os possíveis pontos de receptação de peças roubadas, diminuindo a oportunidade dos roubos e das compras dos respectivos objetos”, destacou Joacir.

Ainda de acordo com o delegado, a polícia tem aproveitado o momento para traçar estratégias de manutenção dos baixos índices de crimes desta espécie, pretendendo mantê-los no mesmo padrão após a pandemia. Do total de veículos roubados/furtados no primeiro semestre de 2019, 53.5% foram recuperados. Já este ano, o índice é de 54.9%.

Agora RN

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