05/01/2020

PESQUISA DE POPULARIDADE - POR J. R. GUZZO

As “pesquisas de popularidade” sobre Bolsonaro não dizem nada

Rafaela Felicciano/MetrópolesMuita gente séria, preocupada em encontrar um meio capaz de ajudá-las a descobrir o que há de verdade nas “pesquisas de popularidade”, está de novo diante do seu dilema habitual: isso aí que apareceu nos últimos levantamentos sobre a aprovação do presidente da República tem alguma coisa a ver com a realidade? E se tiver: quanto dá para acreditar na exatidão do que dizem?

Os resultados da mais recente “pesquisa de opinião” de um dos institutos que operam hoje na praça — tanto faz qual é ele, já que todos repetem sempre as mesmas coisas — dizem que a popularidade do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) está indo para o fundo do poço.

Muito bem: o que pode significar, de verdade, um negócio desses? Significa o seguinte: continue tocando a sua vida e espere o que a vida real vai lhe trazer. Não há meio, simplesmente, de descobrir o que existe dentro dessas pesquisas — como não se sabe, no fundo, o que existe dentro das salsichas e outras coisas que você recebe prontas.

Sempre é possível, claro, olhar para o “retrospecto”, como se fazia no turfe, e ver o que aconteceu com as previsões do passado mais recente. Os institutos que fazem “pesquisas de opinião pública”, como é possível verificar pelo registro do que deram à publicação, garantiram ao longo de 2018, ano de eleição, que a popularidade de Bolsonaro era em geral uma lástima. Chegaram a garantir, inclusive, com a certeza de quem anuncia uma regra de três, que ele iria perder “de qualquer outro candidato” no segundo turno das eleições.

Olhem que não é pouca coisa: para garantir que alguém vai perder “de qualquer outro candidato” — “qualquer outro”, nada menos que isso — é preciso ter uma certeza de aiatolá muçulmano quanto às virtudes de Maomé. Deu o que sabemos: o contrário absoluto.

É ilustrativo, ao mesmo tempo, ver que a popularidade de Lula está sempre altíssima, não importa o que esteja acontecendo com ele na vida real. Nesse mesmo 2018, por exemplo, foi dado durante o tempo todo como o ganhador da eleição, embora estivesse trancado num xadrez de Curitiba. Quando, enfim, os institutos admitiram que Lula não iria mais concorrer, porque seu partido já tinha um candidato oficial, a toada passou a ser sobre a sua “influência” na campanha.

Deu, igualmente, o que sabemos, mas não é por isso que as pesquisas de popularidade se abalaram — o fato do candidato de Lula ter ficado em segundo lugar, analisaram os seus cérebros, provava o quanto o homem era popular. É a primeira vez, possivelmente, que uma derrota eleitoral foi apresentada como prova de vitória.

Conclusão: não há conclusão. O que parece possível verificar, pelo cheiro da brilhantina, é que os autores das pesquisas não gostam de Bolsonaro e gostam de Lula. Melhor ir parando por aqui.

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