26/09/2019

APURAÇÃO DA MORTE DE TORCEDOR NO JOGO GLOBO X BOTAFOGO CONTINUA

Delegada aguarda cartas precatórias para seguir com investigação que apura morte de torcedor da Paraíba no RN

Torcedor do Botafogo-PB, Eduardo Feliciano Justino da Silva tinha 27 anos — Foto: Arquivo Pessoal Está parada a investigação que apura a morte do torcedor paraibano Eduardo Feliciano Justino da Silva, de 27 anos, vítima de um suposto espancamento policial ocorrido no dia 11 de agosto deste ano pouco antes do jogo entre o Botafogo-PB e o Globo-RN. A partida, válida pela Série C do Campeonato Brasileiro, aconteceu no Barretão, em Ceará-Mirim, na Grande Natal. Segundo a família de Eduardo, ele foi espancado por policiais militares após pular o muro do estádio.

Delegada de Ceará-Mirim, Karen Lopes disse ao G1 que já ouviu 23 policiais militares e 12 testemunhas que trabalharam no jogo, mas que só poderá dar andamento ao inquérito quando receber de volta as cartas precatórias que foram enviadas à Polícia Civil da Paraíba. Nelas, a delegada requer o depoimento do irmão de Eduardo e do presidente e vice-presidente da torcida organizada Fúria Independente, do Botafogo-PB, a qual a vítima fazia parte. A delegada também quer que a diretoria da torcida aponte testemunhas que tenham presenciado a suposta agressão.


Todos os policiais, ainda de acordo com a delegada, negam ter espancado o torcedor. "Eles afirmam que houve apenas uma contenção", acrescentou Karen. Antes de o jogo começar, um grupo de torcedores invadiu o Barretão pulando um dos muros do estádio. Foi neste momento, em uma suposta ação ostensiva da PM, que Eduardo teria sido agredido.

Já os funcionários do Barretão, disseram que estavam trabalhando nas catracas da bilheteria ou no interior do estádio, e que não viram nenhuma ação policial contra o torcedor.

O torcedor era auxiliar de serralheiro em João Pessoa, onde nasceu. Ele ainda foi socorrido ao Hospital Municipal Dr. Percílio Alves, mas não resistiu aos ferimentos. Laudos do Instituto Técnico-Científico de Perícia do RN (Itep) revelaram que Eduardo sofreu uma ruptura do coração e hemorragia, e que ele apresentava marcas de contusão no tórax e no rosto, além de intoxicação alcoólica e indícios de uso de drogas ilícitas.

IPM

"Só posso dar continuidade à investigação quando receber de volta as cartas precatórias com os depoimentos que foram requeridos. Eu sei que a Polícia Militar, que abriu um Inquérito Policial Militar (IPM) para apurar a conduta e possível prática de crime por parte dos policiais, foi à Paraíba e colheu alguns depoimentos. Por isso eu também solicitei uma cópia do IPM, mas também estou esperando", ressaltou a delegada.

A assessoria de comunicação da Polícia Militar respondeu que o IPM está em fase de conclusão, mas que o inquérito deverá ser prorrogado por mais 20 dias em razão de uma testemunha estar fora do país. Contudo, confirmou que recebeu o pedido feito pela delegada de Ceará-Mirim e que os depoimentos colhidos na Paraíba devem chegar às mãos dela ainda nesta quarta (25).

Polinter

Segundo a Delegacia Especializada de Capturas e Polinter (Decap), que é quem faz a correspondência das cartas precatórias para a Polícia Civil de outros estados, os pedidos feitos pela delegada Karen Lopes para a Paraíba foram protocoladas no dia 14 e 16 de agosto, ou seja, poucos dias após a morte do torcedor. Porém, confirmou que ainda não houve retorno.

A assessoria de comunicação da Polícia Civil da Paraíba informou que a Polinter da Paraíba foi extinta, e que há somente um delegado para dar recebimento e andamento de todas as cartas precatórias que chegam ao estado. Porém, acrescentou que vai procurar um posicionamento quanto ao pedido da Polícia Civil potiguar.

G1

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