Em reta final de campanha, inquérito aberto por promotor substituto expõe o MPRN como ‘massa de manobra’ eleitoral
Ao que parece, a opinião pública do Rio Grande do Norte está bastante seletiva e criteriosa com relação à assimilação de notícias que muitas vezes surgem nos meios de comunicação com o objetivo implícito de provocar na sociedade o sentimento de asco e repúdio contra este ou aquele personagem eventualmente protagonista de supostas falcatruas envolvendo a coisa pública.
A bola da vez recai sob os pés do prefeito de Natal, Álvaro Dias, e do seu antecessor, o ex-prefeito Carlos Eduardo Alves, que, coincidentemente, disputa o governo do Estado.
Ambos são agora alvos de um inquérito civil, instaurado por um promotor substituto – Márcio Cardoso dos Santos -, com o objetivo de apurar a prática de suposto ato de improbidade administrativa – o recebimento “de doação financeira para a campanha eleitoral deste ano” em troca da concessão do aumento da tarifa do sistema de transporte coletivo do município.
O assunto, como num passe de mágica, foi imediatamente propagado pela mídia, e comemorado por adversários políticos de plumagens variadas.
A iniciativa da lavra do promotor substituto fez a festa de marqueteiros de campanha, que alegres ficaram, no entanto, por pouco tempo.
O que seria um “fato novo” para mudar os rumos da campanha transformou-se apenas em fumaça.
A denúncia não causou a indignação popular que muitos chegaram a imaginar.
Talvez pelo “jeitão” de notícia eleitoreira, a denúncia não causou o tal “clamor popular”, um biombo atrás do qual muitas vezes se escondem cabos eleitorais.
Na verdade, nem o prefeito, nem o ex-prefeito foram criminalmente denunciados. Trata-se apenas de uma abertura de investigação.
Como foi dito logo no início, a opinião pública está bastante seletiva e já não se deixa influenciar por oportunismo midiático jogado em seu peito, no melhor estilo se colar, colou.
Por falar em colar, a única coisa que colou, de fato, foi a pecha de “massa de manobra” no órgão ministerial.
A denúncia encampada pelo promotor substituto, iniciante na carreira ministerial, teve tão somente um efeito imediato – fazer o Ministério Público do Rio Grande do Norte “pagar o mico” de ser utilizado por estrategistas de campanha como massa de manobra eleitoral na reta final de uma eleição.
É preciso deixar claro que o promotor substituto, certamente, agiu com a mais nobre das intenções, fazendo jus ao seu mister.
No entanto, sabe-se que, muitas vezes, ações açodadas são consequências da pouca experiência de seus atores.
Talvez o principal equívoco do promotor substituto tenha sido querer atrair para si as luzes da ribalta, como se fosse um Charles Chaplin da vida real.
Nenhum comentário:
Postar um comentário