16/01/2018

MADURO QUER REBELDES MORTOS

Forças da ditadura cercam piloto rebelde que atacou Suprema Corte

O ex-policial venezuelano Óscar Pérez, que em 2017 atacou prédios governamentais usando um helicóptero, está ferido e encurralado pelas forças especiais em seu esconderijo na periferia de Caracas, informou o piloto em redes sociais. De acordo com as autoridades venezuelanas, dois policiais foram mortos no confronto, que matou "vários terroristas". Cinco suspeitos foram presos.
"Os integrantes desta célula terrorista que fizeram resistência armada foram abatidos e cinco criminosos foram capturados e detidos", informou o ministério do Interior em comunicado, sem precisar se Pérez está entre os mortos ou detidos.
"Estão disparando contra nós com lança-granadas e atiradores de elite. Dissemos que íamos nos entregar e não querem deixar que nos entreguemos, querem nos matar", disse Pérez em um vídeo em que aparece com o rosto ensanguentado e na companhia de outros homens armados.
Pérez, piloto e ator amador de 36 anos que deu toques de ficção à crise venezuelana, detalhou que foram cercados em uma estrada de El Junquito, a 25 quilômetros a noroeste de Caracas.
Jornalistas que tentavam chegar ao local, cujo acesso foi bloqueado pelas autoridades, viram passar um tanque do Exército, grupos de comandos especiais e ambulâncias.
"Não querem que nos entreguemos, literalmente querem nos assassinar, acabaram de dizer. Força", ouve-se em um dos últimos vídeos gravados em meio a um tiroteio. "Vamos nos entregar, não continuem atirando", gritou.
O número dois do chavismo, Diosdado Cabello, com forte influência nos organismos de segurança e nas Forças Armadas do país, confirmou a operação em sua conta no Twitter.
"O terrorista Óscar Pérez atacou aqueles que o cercam, ferindo dois funcionários da FAES (Força de Ações Especiais da Polícia), os corpos de segurança responderam ao fogo", escreveu Cabello.
A ministra de Assuntos Penitenciários, Iris Varela, manifestou em sua conta do Twitter: "Que covarde, agora que está preso como um rato!". "Onde está a coragem que teve para atacar unidades militares, matar e ferir oficiais, e roubar armas?", lançou.

"Morreremos de pé"
Em 27 de junho, Pérez e outros homens não identificados sobrevoaram Caracas em um helicóptero da Polícia Forense, lançaram granadas contra o Tribunal Supremo de Justiça (TSJ) e dispararam contra o Ministério do Interior, sem deixar vítimas.
A ação ocorreu em meio à onda de protestos contra o presidente Nicolás Maduro que deixou 125 mortos entre abril e julho de 2017.
O piloto, que desde então publicou vários vídeos nos quais diz lutar contra a "narcoditadura" e "tirania" na Venezuela, é acusado de "ataque terrorista" pelo governo e tem uma ordem de captura na Interpol.
"Morreremos de pé defendendo a nossa terra, mas nunca de joelhos diante dos tiranos", segundo outra mensagem publicada na conta de Pérez @equilibriogv.
Em dezembro, atribuíram a ele a autoria da "Operação Gênesis", que acabou na invasão a uma base militar em Laguneta de La Montaña, povoado do estado de Miranda (norte), onde foram roubados 26 fuzis Kalashnikov e três pistolas.
Maduro acusou os Estados Unidos de estarem por trás do ataque e pediu à Força Armada "tolerância zero com os grupos terroristas" e para afastá-los com "chumbo".

"Saiam às ruas"
Em outro vídeo publicado nesta segunda-feira, Pérez assegura que há vários feridos no local onde estão encurralados e que também há civis, entre eles mulheres e crianças. "Por que atiram? Há pessoas inocentes", gritou.
"Quero pedir à Venezuela para que não desfaleçam, lutem, saiam às ruas. É hora de sermos livres e só vocês têm o poder agora", afirmou em postagem.
O ex-policial enviou uma mensagem aos seus três filhos em que diz que suas ações contra o governo foram tomadas por eles e pelas crianças da Venezuela que estão sofrendo com a severa crise econômica, política e social.
Até agora, o piloto postou uma dúzia de vídeos em suas contas no Twitter e Instagram que se tornaram virais no país.
 
Diário do Poder

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