Para Marina Silva, o Brasil mudou de patamar. Foi do fundo do poço para o poço sem fundo. Chegou às profundezas porque tomou gosto pela polarização. Prestes a decidir sobre sua participação na terceira campanha presidencial consecutiva, a estrela da Rede Sustentabilidade disse numa entrevista que Lula e Jair Bolsonoro, bem-postos nas pesquisas, reforçam o flagelo da cisão do país. Afirma que eles “acabam sendo cabos eleitorais um do outro”. Lamenta que os “projetos de poder” restrinjam o debate sobre um “projeto de país”.
O repórter perguntou a Marina se a estratégia de Lula de realçar pontos
positivos de seu governo em contraposição às mazelas éticas que já lhe
renderam uma condenação a 9 anos e meio de cadeia seria uma versão
pós-moderna do ‘rouba, mas faz.’ Marina soou como se concordasse com a
tese. E aprofundou o raciocínio: ''Antes, a gente tinha essa ideia do
rouba, mas faz. Mas agora isso virou uma profusão de nomenclaturas. Tem
gente que diz rouba, mas é amigo. Rouba, mas é de esquerda. Rouba, mas é
de direita. Rouba, mas está fazendo as reformas. Isso não pode
acontecer.”
Marina respondeu a um comentário que Ciro Gomes, presidenciável do PDT,
fizera sobre ela. ''Não tô vendo a Marina com apetite de ser candidata”,
dissera Ciro. “Não vejo ela com energia. E o momento é muito de
testosterona. Não elogio isso. É mau para o Brasil, mas é um momento
muito agressivo e ela tem uma psicologia avessa a isso.” Em timbre mais
acomodatício do que bélico, Marina pespegou: “Ele fez uma crítica ao
hormônio que ele representa. Logo, cheguei à conclusão de que o que está
sendo necessário, talvez, seja uma visão mais acolhedora das coisas,
uma visão que tenha uma noção de cuidado.” Arrematou: “Para mim, o poder
não é motivo de apetite. Quem tem muito apetite pelo poder acaba
sofrendo de indigestão com ele. Eu tenho mesmo é compromisso com o
Brasil.”
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