24/04/2017

O TAMANHO REAL DA ESQUERDA

Por Mario Sabino
 
O primeiro turno da eleição presidencial na França mostrou o tamanho real da esquerda no país que americanos, ingleses e brasileiros consideram o mais esquerdista da Europa. No total, os partidos da gauche somaram apenas 28% dos votos.
É o tamanho real porque, depois de cinco anos desastrosos de governo socialista, só votou na esquerda quem, de fato, acredita profundamente na sua ideologia. Tanto é que a agremiação esquerdista que chegou a quase 20% dos votos foi a do radical Jean-Luc Mélenchon, um sujeito que acha o bolivarianismo uma conquista do balocobaco. Ou seja, os seus eleitores creem que o socialista François Hollande foi uma calamidade por não ter sido esquerdista o suficiente.
Uma pesquisa mostrou que 22% dos franceses se consideram de esquerda. Mas, como 28% votaram em partidos da gauche em meio ao naufrágio socialista, é este número que deve ser levado em conta. E o que melhor espelha o que ocorre em boa parte do Ocidente, no qual tomo a liberdade de incluir o Brasil.
A imagem no espelho francês: de 25% a 30% do eleitorado é irremediavelmente esquerdista. Se você duvida, pegue o exemplo da eleição municipal em São Paulo, cidade que sofreu durante quatro anos nas mãos do PT. Se considerarmos que pelo menos metade dos votos de Marta Suplicy foi de esquerdistas, perfazem 25% os paulistanos que não votaram no capitalista João Doria por convicção ideológica.
Você pode achar que essa quantidade de esquerdistas renitentes é enorme. De fato, é espantoso verificar que tanta gente ainda acredita num fantasma político que falhou de modo miserável nas suas diversas encarnações em 170 anos de história. No entanto, dado o grau de doutrinação socialista que vigora nas escolas e universidades, para não falar da manipulação permanente dos desvalidos por sindicatos, partidos e “movimentos sociais", é também admirável que a quantidade de eleitores completamente iludidos seja minoritária.
É claro que é preciso lutar para que a doutrinação e a manipulação sejam abolidas. Na minha opinião, o marxismo poderia ser estudado como o feudalismo, sem o legado deste último. Na minha opinião, sindicatos, partidos e “movimentos sociais” não poderiam receber o nosso dinheiro. O esforço imediato, contudo, deveria ser para evitar que o eleitorado flutuante, sem ideologia definida, caia outra vez na esparrela de votar em socialistas por razões oportunistas. Em especial, quando socialistas assinam cartas de apoio ao capitalismo escritas por empreiteiros bandidos.

Vive la France. Vive le Brésil.

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