14/03/2017

HISTÓRIA DOS ENGENHOS DE CEARÁ-MIRIM - POR ACLA

Engenho Divisão


Casa Grande do Engenho Divisão     
O Comendador Joaquim Ignácio Pereira construiu o Engenho Divisão, no vale do Ceará-Mirim, no final do século XIX, por volta do ano de 1895. Quando da sua fundação, este engenho recebeu a denominação de “Engenho Olho D’agua”, conforme informa o Major Miguel Ribeiro Dantas, quando fala acerca dos limites de seu Engenho Diamante.
Como a maioria dos engenhos existentes nesse período, o “Divisão” era um engenho a vapor, considerado de médio porte, por possuir um alambique, o que lhe permitia não restringir a sua produção apenas ao açúcar mascavo, mas também ao fabrico de uma aguardente muito apreciada, principalmente pelos sertanejos, que a adquiriam e a transportavam em lombo de burros, de Ceará-Mirim, para ser negociada no Sertão potiguar.
No início do século XX, em 1904, o Engenho Divisão passou a pertencer a dona Maria Madalena da Silva, que o administrou apenas por 3 anos, ou seja, até o ano de 1907, quando transferiu a administração do engenho para Manoel Joaquim Teixeira de Moura, que o comandou até o ano de 1913. O seu nome consta como o pagador dos impostos ao município, conforme inscrição em livros da Prefeitura de Ceará-Mirim, que ficavam sob a guarda do senhor Rafael Fernandes Sobral, organizador e primeiro diretor da Biblioteca Pública Municipal Dr. José Pacheco Dantas, quando a mesma funcionava em uma sala da antiga prefeitura, no atual prédio da Câmara Municipal.
De 1913 a 1917, o Engenho Divisão passou à propriedade do senhor Henrique Torres e, no ano seguinte, em 1918, o transferiu para José Dantas do Rego Barros, que o manteve sob seu poder durante 17 anos quando, em 1934, foi adquirido pelo senhor Afonso Cabral de Vasconcelos.
O Engenho Divisão tinha uma localização privilegiada, assim como o Engenho Guaporé e o engenho Trigueiro, pois, suas terras ficavam incrustadas quase que no mesmo paralelo, formando uma tríade de engenhos que ocupavam terras férteis e próximas à cidade, facilitando assim, o escoamento de sua produção.
As terras do Engenho Divisão limitavam-se com o Engenho Diamante, do Dr. Augusto Meira, com o Engenho Carnaubal do senhor Maneco França, com o Engenho Guaporé do Dr. Vicente Inácio Pereira e com o Engenho Trigueiro da senhora Maria Correia.
A casa-grande tinha um alpendre em “L”, ornamentado e sustentado por colunas, de onde se tinha uma visão privilegiada do vale, do rio Ceará-Mirim e da cidade, quer fossem observados do alpendre ou do sótão lá existente.
A grande cozinha com um enorme fogão a lenha, possuía uma chaminé que ultrapassava a cuminheira da casa, grandes e arejados quartos interligados uns aos outros por amplas portas e toda a casa era dotada de janelões na frente e nas laterais, favorecendo a uma boa ventilação.
Completando esse acervo arquitetônico, havia uma bela capela, com apenas um altar central, com 03 (três) imagens esculpidas em madeira, destacando-se a imagem da Imaculada Conceição ao centro.
Desse local histórico e belo, partia todos os dias a professora Mara Cabral, conduzida em charrete, para lecionar no centenário Grupo Escolar Barão de Ceará-Mirim, antigo Grupo Escolar Felipe Camarão.
O último senhor do Engenho Divisão foi Afonso Cabral, até quando a propriedade foi adquirida e incorporada ao patrimônio da antiga Usina São Francisco, posteriormente Companhia Açucareira Vale do Ceará-Mirim.
O fim deste patrimônio, após anos de abandono e descaso foi a ruína total que culminou com sua demolição, remanescendo apenas as imagens nos poucos registros fotográficos e nas lembranças de algumas pessoas que tiveram o privilégio de vislumbrar, mesmo que em declínio, resquícios do período áureo da economia canavieira.                        

Por ACLA                 

7 comentários:

Unknown disse...

Olá, sou neta do senhor Afonso Cabral meu pai se chama Afonso também!!!

Unknown disse...

Meu avô era Afonso Cabral de Vasconcelos!!!

Unknown disse...

Gostaria de saber sobre a vida do meu avô Afonso Cabral de Vasconcelos, sei que ele teve duas famílias. Minha avó se chamava Luiza e teve cinco filhos com o senhor Afonso Cabral, o mais novo é o meu pai.

Anônimo disse...

gostaria de saber se existiu por essas terras um engenho por nome verde Inácio?

João André disse...

Verde Nasce - Existiu sim!

João André disse...

Verde Nasce: http://www.cearamirimlivre.com/2017/02/historia-dos-engenhos-de-ceara-mirim.html

Unknown disse...

Ola,estou procurando algo sobre meu tataravô que se chamava Joquim Ignacio pereira . Pelos meus cálculos, poderia ser esse senhor que se descreve.
Como eu poderia ter mais informações sobre esse senhor?
Grata,
Alessandra Maksud.